Neste
capítulo apresento algumas contribuições de Edgar Morin para a educação a
partir da abordagem dos efeitos nocivos do pensamento fragmentado na educação.
Dentro
do contexto atual de crise e possibilidades, Morin sugere a
transdisciplinaridade como maneira de romper os limites do isolamento e do
reducionismo do saber, que o fragmenta e o inibe. Afirma que é urgente se
ressituar o saber, que no momento está parcelado, mutilado e disperso, fruto da
especialização promovida e difundida desde o século XIX.
Os
efeitos desse fragmentismo se refletem, hoje, na educação de várias formas e manifestações, e permeiam consequentemente,
o currículo das escolas. Segundo Morin,
as crianças aprendem história, geografia, química, física e biologia
dentro de categorias isoladas, sem saber que a história se situa dentro de
espaços geográficos e que cada espaço ou paisagem geográfica é fruto de uma
história terrestre que envolve fenômenos físicos, químicos e biológicos. O
resultado desse saber parcelado e
fragmentado, é que o currículo através de suas várias disciplinas não
favorece a comunicação e o diálogo entre os saberes, dificultando a perspectiva
de conjunto que favorece a aprendizagem. Morin, sugere a interligação de todos
os saberes, para que o aluno tenha uma visão
geral, e não uma visão fragmentada.
Defende que a escola deve definir o seu papel no atual contexto
histórico, social, e político, carecendo construir sua identidade. Esse
processo de construção da identidade na escola, só é possível, contudo, se as
pessoas envolvidas nessa construção quiserem de fato realizá-la, cultivando-se
, melhorando-se, e também aprendendo dia a dia. É necessário que cada indivíduo
membro da comunidade escolar utilize a sua auto-afirmação e o autoconhecimento
na construção de sua própria identidade. Através desse processo organizador de
autoconhecimento, o sujeito transforma-se, constroi sua própria identidade e
aprende sempre, colocando o seu aprendizado em função de seu meio ambiente.
Sendo assim, tanto educadores como escola, não podem perder de vista que a
construção da indentidade da escola deve passar primeiramente, pela construção
da indentidade individual de cada membro. Para Morin o ato de aprender não
significa apenas transformar o desconhecido em conhecimento, é a conjunção do
reconhecimento e da descoberta. O conhecimento está naturalmente ligado a vida,
fazendo parte da existência humana. O ato de conhecer está presente nos
fenômenos biológicos, cerebrais, espirituais, culturais, ligüísticos, sociais,
políticos e históricos, por isto o ser condiciona o conhecer, e este condiciona ao mesmo tempo o ser. A partir desse pensamento, Morin afirma que o
conhecimento envolve características subjetivas, individuais e existenciais,
além das objetivas que são orientadas
pela razão, pois tratando-se de experiências e ações humanas não se pode
separá-las da emoção. Morin, afirma que é necessário considerar os aspectos como paixão, dor e
prazer no ato do conhecimento. Alerta para que se tenha cautela na busca pelo conhecimento; é
importante que preocupações com a ética, consigo mesmo e com o outro sejam
observadas.
Com
relação ao uso das novas tecnologias na educação, Morin faz uma comparação entre o conhecimento
que o computador produz e o produzido pelo homem; diz que o computar não produz
conhecimento subjetivo, é uma máquina submetida as intenções, desejos, projetos
e finalidades dos seres e dos grupos
humanos que o criaram; já com os seres humanos não é isso que ocorre, sua
dependência está associada a sua autonomia e aos seus próprios desejos.
Izabel
Petraglia, diz no seu livro(2008, p.82)
que o sentido do trabalho de Edgar Morin é provocar a reflexão da
educação, pautada na consciência da complexidade presente em toda a realidade,
ou seja, é fundamental para o professor, que ele compreenda a teia de relações
existente entre todas as coisas, para que possa pensar a ciência una e
múltipla, simultaneamente. Afirma ainda que o subsídio de seu pensamento para a
educação está na teoria e na prática, do “tudo se liga a tudo” e é no “aprender
a aprender” que o professor pode transformar sua ação numa prática pedagógica
transformadora.
Essa
contribuição para a educação, aponta para um caminho que transcende em seus
limites e possibilidades, propondo a prática transdisciplinar. Morin, entende
por “transdisciplinaridade” o intercâmbio e as articulações entre as
disciplinas. Essa prática possibilita a superação de toda e qualquer fronteira
que reprime, reduz e isola o saber em territórios delimitados.
No
processo de construção do conhecimento dentro do ambiente escolar, deve ficar
bem claras para todos(alunos e professores) todas as relações que, de alguma
forma se fazem presentes nas ações pedagógicas.
Morin,
lembra que a história das ciências é marcada pela transdisciplinaridade, cita
como exemplo as grandes unificações transdisciplinares marcadas com os nomes de
Newton, Maxwell, Einstein e o esplendor de filosofias subjacentes(empirismo,
positivismo, pragmatismo) ou de imperialismos teóricos(Marxismo, freudismo).
Dentro desse contexto, devem ser refletidas e
ampliadas as discussões acerca da importância das relações entre as
disciplinas; entre a disciplina e o curso; entre a disciplina e a vida, a fim
de não se estimular a elaboração de
conhecimentos parcelados oriundos do pensamento linear e simplista, promovendo
a construção de um saber uno, considerando que um todo é composto por muitos
aspectos. Izabel Petraglia, diz que a partir do trabalho de Morin, podemos
perceber que é fundamental que na escola fiquem claras algumas distinções da
prática pedagógica cotidiana; distinguir e não separar ou disjuntar; associar e
interligar e não reduzir ou isolar; complexificar e não simplificar.
Sobre
a formação dos professores, Morin reconhece que muitos profissionais da
educação, encontram-se num estado de morosidade, rotina, subserviência e embrutecimento.
Para mudar essa realidade, ele propõe que os professores iniciem um movimento,
mesmo de forma individual e solitária, de “reforma do pensamento”; reforma que
deve partir do pensamento simplista e linear para um pensamento complexo.
Morin,
sugere que os professores devem ir em busca do conhecimento e da formação
necessária para atuar na prática transdisciplinar; deve cultivar-se sempre.
Deve ser um autodidata, partindo do estudo do que chama de novo tipo de
ciência: ecologia, ciências da terra e cosmologia. Acredita que dessa maneira,
o ser humano, através da educação, será capaz de reformular seu pensamento
e refletir-se conscientemente.
Aos
alunos, Morin recomenda o ensino do que ele chama de novo tipo de ciência:
ecologia, ciências da terra e cosmologia.
Ecologia,
porque segundo ele, podemos extrair da ecologia ensinamentos que nos permitem
pensar e agir de uma maneira diferente em relação ao meio em que vivemos. Na
opinião dele, esta seria uma das ciências de base da escola primária, muito
mais importante do que ensinar às
crianças as ciências naturais.
As
ciências da terra, envolvem a ligação entre várias ciências, como a
meteorologia, a vulcanologia, a sismologia, a geografia e a geologia. Essas
ciências podem se comunicar sem por isso se unificar em visão reducionista;
elas se comunicam porque a terra é um sistema vivo. Não vivo como um ser vivo,
como somos todos nós, mas um ser vivo que tem sua própria vida e sua própria
história. Segundo Morin, é um objeto central para se ensinar as crianças e ele
pensa que é muito mais apaixonante para uma criança, ver e entender como coisas tão diversas são reais.
A
cosmologia é um dos principais prolongamentos da moderna astrofísica, que
estuda, entre outras coisas relacionadas ao universo, a origem do universo e do
seu futuro. Edgar Morin, diz que através do ensino da cosmologia podemos fazer
com que uma criança compreenda que tudo de que o universo é composto formou-se
desde os primeiros segundos da sua criação; que suas próprias partículas e moléculas
também são muito antigas, que o carbono de que ele é feito provém de sois
anteriores... Nós somos totalmente filhos deste universo, mesmo sendo
diferenciados.
E
importante fazer com que as crianças aprendam sobre a origem do universo, e,
consequentemente sobre a sua própria origem.
Bibliografia Consultada
PETRAGLIA, Izabel. Edgar Morin: a educação
e a complexidade do ser e do saber. 10. ed. Revista e ampliada. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2008.
Amei a matéria,achei rica e fácil de entender,apesar que o assunto é complexo,mas da forma que o Morin explica fica mais fácil o entendimento.Eu particularmente preciso dessa mudança de visão,de pensamento,acredito que a partir desse texto foi quebrado algum paradígma.
ResponderExcluirobrigado
Obrigado por participar do Blog. Que bom que o texto lhe ajudou.
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