segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Contribuições de Morim para a educação.


Neste capítulo apresento algumas contribuições de Edgar Morin para a educação a partir da abordagem dos efeitos nocivos do pensamento fragmentado na educação.
Dentro do contexto atual de crise e possibilidades, Morin sugere a transdisciplinaridade como maneira de romper os limites do isolamento e do reducionismo do saber, que o fragmenta e o inibe. Afirma que é urgente se ressituar o saber, que no momento está parcelado, mutilado e disperso, fruto da especialização promovida e difundida desde o século XIX.
Os efeitos desse fragmentismo se refletem, hoje, na educação de várias formas  e manifestações, e permeiam consequentemente, o currículo das escolas. Segundo Morin,  as crianças aprendem história, geografia, química, física e biologia dentro de categorias isoladas, sem saber que a história se situa dentro de espaços geográficos e que cada espaço ou paisagem geográfica é fruto de uma história terrestre que envolve fenômenos físicos, químicos e biológicos. O resultado desse saber parcelado e  fragmentado, é que o currículo através de suas várias disciplinas não favorece a comunicação e o diálogo entre os saberes, dificultando a perspectiva de conjunto que favorece a aprendizagem. Morin, sugere a interligação de todos os saberes, para que o aluno tenha uma visão  geral, e não uma visão fragmentada.  Defende que a escola deve definir o seu papel no atual contexto histórico, social, e político, carecendo construir sua identidade. Esse processo de construção da identidade na escola, só é possível, contudo, se as pessoas envolvidas nessa construção quiserem de fato realizá-la, cultivando-se , melhorando-se, e também aprendendo dia a dia. É necessário que cada indivíduo membro da comunidade escolar utilize a sua auto-afirmação e o autoconhecimento na construção de sua própria identidade. Através desse processo organizador de autoconhecimento, o sujeito transforma-se, constroi sua própria identidade e aprende sempre, colocando o seu aprendizado em função de seu meio ambiente. Sendo assim, tanto educadores como escola, não podem perder de vista que a construção da indentidade da escola deve passar primeiramente, pela construção da indentidade individual de cada membro. Para Morin o ato de aprender não significa apenas transformar o desconhecido em conhecimento, é a conjunção do reconhecimento e da descoberta. O conhecimento está naturalmente ligado a vida, fazendo parte da existência humana. O ato de conhecer está presente nos fenômenos biológicos, cerebrais, espirituais, culturais, ligüísticos, sociais, políticos e históricos, por isto o ser condiciona o conhecer, e este condiciona  ao mesmo tempo o ser. A partir  desse pensamento, Morin afirma que o conhecimento envolve características subjetivas, individuais e existenciais, além das objetivas que são orientadas  pela razão, pois tratando-se de experiências e ações humanas não se pode separá-las da emoção. Morin, afirma que é necessário  considerar os aspectos como paixão, dor e prazer no ato do conhecimento. Alerta para que se tenha  cautela na busca pelo conhecimento; é importante que preocupações com a ética, consigo mesmo e com o outro sejam observadas.
Com relação ao uso das novas tecnologias na educação,  Morin faz uma comparação entre o conhecimento que o computador produz e o produzido pelo homem; diz que o computar não produz conhecimento subjetivo, é uma máquina submetida as intenções, desejos, projetos e  finalidades dos seres e dos grupos humanos que o criaram; já com os seres humanos não é isso que ocorre, sua dependência está associada a sua autonomia e aos seus próprios desejos.
Izabel Petraglia, diz no seu livro(2008, p.82)  que o sentido do trabalho de Edgar Morin é provocar a reflexão da educação, pautada na consciência da complexidade presente em toda a realidade, ou seja, é fundamental para o professor, que ele compreenda a teia de relações existente entre todas as coisas, para que possa pensar a ciência una e múltipla, simultaneamente. Afirma ainda que o subsídio de seu pensamento para a educação está na teoria e na prática, do “tudo se liga a tudo” e é no “aprender a aprender” que o professor pode transformar sua ação numa prática pedagógica transformadora. 
Essa contribuição para a educação, aponta para um caminho que transcende em seus limites e possibilidades, propondo a prática transdisciplinar. Morin, entende por “transdisciplinaridade” o intercâmbio e as articulações entre as disciplinas. Essa prática possibilita a superação de toda e qualquer fronteira que reprime, reduz e isola o saber em territórios delimitados.
No processo de construção do conhecimento dentro do ambiente escolar, deve ficar bem claras para todos(alunos e professores) todas as relações que, de alguma forma se fazem presentes nas ações pedagógicas.
Morin, lembra que a história das ciências é marcada pela transdisciplinaridade, cita como exemplo as grandes unificações transdisciplinares marcadas com os nomes de Newton, Maxwell, Einstein e o esplendor de filosofias subjacentes(empirismo, positivismo, pragmatismo) ou de imperialismos teóricos(Marxismo, freudismo).
Dentro desse contexto, devem ser refletidas e ampliadas as discussões acerca da importância das relações entre as disciplinas; entre a disciplina e o curso; entre a disciplina e a vida, a fim de  não se estimular a elaboração de conhecimentos parcelados oriundos do pensamento linear e simplista, promovendo a construção de um saber uno, considerando que um todo é composto por muitos aspectos. Izabel Petraglia, diz que a partir do trabalho de Morin, podemos perceber que é fundamental que na escola fiquem claras algumas distinções da prática pedagógica cotidiana; distinguir e não separar ou disjuntar; associar e interligar e não reduzir ou isolar; complexificar e não simplificar.
Sobre a formação dos professores, Morin reconhece que muitos profissionais da educação, encontram-se num estado de morosidade, rotina, subserviência e embrutecimento. Para mudar essa realidade, ele propõe que os professores iniciem um movimento, mesmo de forma individual e solitária, de “reforma do pensamento”; reforma que deve partir do pensamento simplista e linear para um pensamento complexo.
Morin, sugere que os professores devem ir em busca do conhecimento e da formação necessária para atuar na prática transdisciplinar; deve cultivar-se sempre. Deve ser um autodidata, partindo do estudo do que chama de novo tipo de ciência: ecologia, ciências da terra e cosmologia. Acredita que dessa maneira, o ser humano, através da educação, será capaz de reformular seu pensamento e  refletir-se conscientemente.     
Aos alunos, Morin recomenda o ensino do que ele chama de novo tipo de ciência: ecologia, ciências da terra e cosmologia.
Ecologia, porque segundo ele, podemos extrair da ecologia ensinamentos que nos permitem pensar e agir de uma maneira diferente em relação ao meio em que vivemos. Na opinião dele, esta seria uma das ciências de base da escola primária, muito mais importante do que ensinar às  crianças as ciências naturais.
As ciências da terra, envolvem a ligação entre várias ciências, como a meteorologia, a vulcanologia, a sismologia, a geografia e a geologia. Essas ciências podem se comunicar sem por isso se unificar em visão reducionista; elas se comunicam porque a terra é um sistema vivo. Não vivo como um ser vivo, como somos todos nós, mas um ser vivo que tem sua própria vida e sua própria história. Segundo Morin, é um objeto central para se ensinar as crianças e ele pensa que é muito mais apaixonante para uma criança,  ver e entender como  coisas tão diversas são reais.
A cosmologia é um dos principais prolongamentos da moderna astrofísica, que estuda, entre outras coisas relacionadas ao universo, a origem do universo e do seu futuro. Edgar Morin, diz que através do ensino da cosmologia podemos fazer com que uma criança compreenda que tudo de que o universo é composto formou-se desde os primeiros segundos da sua criação; que suas próprias partículas e moléculas também são muito antigas, que o carbono de que ele é feito provém de sois anteriores... Nós somos totalmente filhos deste universo, mesmo sendo diferenciados.
E importante fazer com que as crianças aprendam sobre a origem do universo, e, consequentemente sobre a sua própria origem.

Bibliografia Consultada

PETRAGLIA, Izabel. Edgar Morin: a educação e a complexidade do ser e do saber.    10. ed. Revista e ampliada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.


2 comentários:

  1. Amei a matéria,achei rica e fácil de entender,apesar que o assunto é complexo,mas da forma que o Morin explica fica mais fácil o entendimento.Eu particularmente preciso dessa mudança de visão,de pensamento,acredito que a partir desse texto foi quebrado algum paradígma.
    obrigado

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    1. Obrigado por participar do Blog. Que bom que o texto lhe ajudou.

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