Edgar
Morin é o pai da teoria da complexidade. Na educação o seu pensamento consiste
na complexidade do ser e do saber. Sua teoria surgiu da constatação de que o
planeta vive hoje uma crise sob todos os aspectos – agonia planetária - ela é
composta pelos caracteres de perigo e oportunidades; perigo pela destruição que
vem ocorrendo entre a natureza e os seres humanos e oportunidade, como caminho
para a transformação. Para essa transformação Edgar Morin, aponta o paradigma da complexidade, que
influi na educação, que abrange todas as áreas do conhecimento.
Afirma
a necessidade urgente de um modo novo de pensar que seja complexo frente ao
pensamento simplista e fragmentado dos dias atuais. Um pensamento que permita
às pessoas compreenderem que os limites
e as insuficiências de um pensamento simplificador não exprimem as idéias de
unidade e diversidade presentes no todo. Segundo Morin, o todo é complexo, como
as partes. Essa complexidade está presente em todo o universo. É o que
justifica os princípios da ordem, da
desordem e da organização dos sistemas. Izabel Petraglia, estudiosa da vida e
da obra de Edgar Morin, diz que a estrutura do pensamento de Morin é pautada em
uma espistemologia da complexidade que
engloba quantidades de unidade, interações diversas e adversas,
incertezas, indeterminações e fenômenos
aleatórios.
Seu
trabalho consiste na sistematização da crítica ao saber e ao ensino
fragmentado. Através da complexidade Morin defende a interligação de todos os
saberes.
Em
sua obra mais importante e mais extensa, “O Método” - 6 volumes, está
registrado detalhadamente todos os passos que sistematiza a sua teoria da
complexidade.
Izabel
Petraglia, aborda em seu livro cinco reflexões de Morin, que merecem destaque.
A primeira é acerca da ciência e da vida, na qual Morin afirma que o saber
científico necessita de objetividade e
método próprio para a observação e verificação de qualquer matéria. Entretanto, deve-se levar em consideração,
que toda essa objetividade em relação aos dados coletados e estudados, traz
consigo uma variedade enorme de pensamentos, teorias e paradigmas que nos levam
a reflexão bioantropológica do conhecimento, e para a reflexão das teorias nos
aspectos culturais, sociais e históricos. O desenvolvimento da ciência é algo
complexo, pois engloba inúmeros e diferentes aspectos e variáveis que norteiam
esse desenvolvimento. A ciência deve ser benéfica para a humanidade e não
destruidora, aniquiladora e tirana; para isto é necessário que haja o diálogo reflexivo e crítico das
inter-relações entre ciência, sociedade, técnica e política. Dessa relação
surge a necessidade de se refletir sobre nós mesmos e a nossa participação no
universo sociocultural. A segunda
reflexão é sobre o que significa para Morin a complexidade do real na
construção do conhecimento multidimensional. Para ele, pensamento complexo é
aquele que considera todas as influências
recebidas: internas e externas. A complexidade integra os modos
simplificadores do pensar e
consequentemente nega os resultados mutiladores, unidimensionais e
reducionistas. Cabe ao ser humano através da produção do conhecimento,
interpretar os diversos aspectos da
ambigüidade, sem contudo desconsiderar a multidimensionalidade do real, ou
seja, os diversos caracteres do fenômeno.
O
pensamento complexo é o responsável pela ampliação do saber. Se o pensamento
for fragmentado, reducionista e mutilador, as ações terão o mesmo rumo,
tornando o conhecimento cada vez mais simplista e simplificador. Isso ocorre
devido a inseparabilidade do
conhecimento e da ação, pois todo conhecimento cerebral, elabora e utiliza
estratégias para solucionar problemas .
Na
concepção de Morin sobre complexidade, é preciso pois, que sejam extintas as
idéias simplistas, reducionistas e disjuntivas, superando-as. Para isso, é
necessário que sejam aprendidas as
noções de ordem, desordem e organização, presentes nos sistemas complexos. Essas três noções são o assunto da terceira
reflexão, na qual, Morin nos coloca a necessidade de pensarmos sobre a complexidade da realidade física, biológica e
humana, visto que estas três noções
estão presentes no universo e na sua formação; na vida, em sua evolução
biológica e na história humana.
Na
quarta reflexão, Morin apresenta três noções também presentes na complexidade:
noção de sujeito, autonomia e auto-eco-organização. Para ele a noção de sujeito
compreende uma definição subjetiva e biológica, simultaneamente; não podendo
ser reduzida a uma concepção humanista, metafísica e antimetafísica. A
concepção de sujeito é a qualidade própria do ser vivo que busca a
auto-organização, pertencente a uma espécie situada num espaço e num tempo, e
membro de uma sociedade ou grupo. Para reconhecer-se como sujeito e membro
desse grupo, o sujeito necessita de um objeto. É a partir dessa dependência que
sujeito e objeto surgem da realidade complexa.
O
conceito de autonomia está em estreita relação como conceito de dependência, ou
seja, para sermos nós mesmos necessitamos de fatores externos a nós. O ser
humano vive a construção de sua própria identidade, que pressupõe a liberdade e
autonomia, para tornar-se sujeito, a partir de dependências que alimenta,
necessita ou tolera, como a dependência da família, da escola, da linguagem, da cultura, da sociedade.
Concentra em si um misto de autonomia, liberdade e heteronímia. Esta capacidade do
sujeito o torna auto-organizador de seu processo vital e não exclui a
dependência relativa ao mundo exterior, aos grupos, a sociedade e ao
ecossistema. Então a auto-organização é na verdade auto-eco-organização, porque
a transformação extrapola o seu ser.
Na quinta reflexão, Morin considera que a
humanidade está vivendo um momento crítico, a que chama de agonia planetária, e
nos adverte para a necessária tomada de consciência de que a ética está
associada à solidariedade, única arma que dispomos para que a humanidade possa efetivamente tornar-se humanidade nesse
novo milênio. Acrescenta que é preciso
que se questione os efeitos colaterais
do desenvolvimento da ciência, da razão e da técnica que fizeram do ser humano
uma espécie de certa forma, automatizada, individualista, egocêntrica e que perde gradativamente a noção de
solidariedade. Essa perda gradativa de solidariedade torna os seres humanos
cada vez mais infelizes nas relações interpessoais ao se depararem com os
próprios limites diante da supremacia da emoção e do inexplicável.
Diante
desse contexto de crise, Morim propõe a reflexão sobre o papel da educação. De
que forma a educação pode contribuir para superar essa agonia planetária?
Bibliografia Consultada
PETRAGLIA, Izabel. Edgar Morin: a educação
e a complexidade do ser e do saber. 10. ed. Revista e ampliada. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2008.
esse fundo preto e essa letra vermelha, aff...difícil de ler...
ResponderExcluirQuando a educação formar os educandos em sujeitos críticos, e capazes de trazer soluções para combater as crises existentes em nossa sociedade.
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