segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Destaques do pensamento de Edgar Morin.


Edgar Morin é o pai da teoria da complexidade. Na educação o seu pensamento consiste na complexidade do ser e do saber. Sua teoria surgiu da constatação de que o planeta vive hoje uma crise sob todos os aspectos – agonia planetária - ela é composta pelos caracteres de perigo e oportunidades; perigo pela destruição que vem ocorrendo entre a natureza e os seres humanos e oportunidade, como caminho para a transformação. Para essa transformação Edgar Morin,  aponta o paradigma da complexidade, que influi na educação, que abrange todas as áreas do conhecimento.
Afirma a necessidade urgente de um modo novo de pensar que seja complexo frente ao pensamento simplista e fragmentado dos dias atuais. Um pensamento que permita às pessoas  compreenderem que os limites e as insuficiências de um pensamento simplificador não exprimem as idéias de unidade e diversidade presentes no todo. Segundo Morin, o todo é complexo, como as partes. Essa complexidade está presente em todo o universo. É o que justifica os princípios  da ordem, da desordem e da organização dos sistemas. Izabel Petraglia, estudiosa da vida e da obra de Edgar Morin, diz que a estrutura do pensamento de Morin é pautada em uma espistemologia  da complexidade que engloba quantidades de unidade, interações diversas e adversas, incertezas,  indeterminações e fenômenos aleatórios.
Seu trabalho consiste na sistematização da crítica ao saber e ao ensino fragmentado. Através da complexidade Morin defende a interligação de todos os saberes.
Em sua obra mais importante e mais extensa, “O Método” - 6 volumes, está registrado detalhadamente todos os passos que sistematiza a sua teoria da complexidade.
Izabel Petraglia, aborda em seu livro cinco reflexões de Morin, que merecem destaque. A primeira é acerca da ciência e da vida, na qual Morin afirma que o saber científico necessita  de objetividade e método próprio para a observação e verificação de qualquer matéria.  Entretanto, deve-se levar em consideração, que toda essa objetividade em relação aos dados coletados e estudados, traz consigo uma variedade enorme de pensamentos, teorias e paradigmas que nos levam a reflexão bioantropológica do conhecimento, e para a reflexão das teorias nos aspectos culturais, sociais e históricos. O desenvolvimento da ciência é algo complexo, pois engloba inúmeros e diferentes aspectos e variáveis que norteiam esse desenvolvimento. A ciência deve ser benéfica para a humanidade e não destruidora, aniquiladora e tirana; para isto é necessário que haja  o diálogo reflexivo e crítico das inter-relações entre ciência, sociedade, técnica e política. Dessa relação surge a necessidade de se refletir sobre nós mesmos e a nossa participação no universo sociocultural.  A segunda reflexão é sobre o que significa para Morin a complexidade do real na construção do conhecimento multidimensional. Para ele, pensamento complexo é aquele que considera  todas as influências recebidas: internas e externas. A complexidade integra os modos simplificadores  do pensar e consequentemente nega os resultados mutiladores, unidimensionais e reducionistas. Cabe ao ser humano através da produção do conhecimento, interpretar os diversos aspectos  da ambigüidade, sem contudo desconsiderar a multidimensionalidade do real, ou seja, os diversos caracteres do fenômeno.
O pensamento complexo é o responsável pela ampliação do saber. Se o pensamento for fragmentado, reducionista e mutilador, as ações terão o mesmo rumo, tornando o conhecimento cada vez mais simplista e simplificador. Isso ocorre devido a inseparabilidade  do conhecimento e da ação, pois todo conhecimento cerebral, elabora e utiliza estratégias para solucionar problemas .
Na concepção de Morin sobre complexidade, é preciso pois, que sejam extintas as idéias simplistas, reducionistas e disjuntivas, superando-as. Para isso, é necessário que sejam aprendidas  as noções de ordem, desordem e organização, presentes nos sistemas complexos.  Essas três noções são o assunto da terceira reflexão, na qual, Morin nos coloca a necessidade de pensarmos sobre a  complexidade da realidade física, biológica e humana, visto que estas três noções  estão presentes no universo e na sua formação; na vida, em sua evolução biológica e na história humana.
Na quarta reflexão, Morin apresenta três noções também presentes na complexidade: noção de sujeito, autonomia e auto-eco-organização. Para ele a noção de sujeito compreende uma definição subjetiva e biológica, simultaneamente; não podendo ser reduzida a uma concepção humanista, metafísica e antimetafísica. A concepção de sujeito é a qualidade própria do ser vivo que busca a auto-organização, pertencente a uma espécie situada num espaço e num tempo, e membro de uma sociedade ou grupo. Para reconhecer-se como sujeito e membro desse grupo, o sujeito necessita de um objeto. É a partir dessa dependência que sujeito e objeto surgem da realidade complexa.
O conceito de autonomia está em estreita relação como conceito de dependência, ou seja, para sermos nós mesmos necessitamos de fatores externos a nós. O ser humano vive a construção de sua própria identidade, que pressupõe a liberdade e autonomia, para tornar-se sujeito, a partir de dependências que alimenta, necessita ou tolera, como a dependência da família, da escola,  da linguagem, da cultura, da sociedade. Concentra em si um misto de  autonomia,  liberdade e heteronímia. Esta capacidade do sujeito o torna auto-organizador de seu processo vital e não exclui a dependência relativa ao mundo exterior, aos grupos, a sociedade e ao ecossistema. Então a auto-organização é na verdade auto-eco-organização, porque a transformação extrapola o seu ser.
Na  quinta reflexão, Morin considera que a humanidade está vivendo um momento crítico, a que chama de agonia planetária, e nos adverte para a necessária tomada de consciência de que a ética está associada à solidariedade, única arma que dispomos para que a humanidade  possa efetivamente tornar-se humanidade nesse novo milênio. Acrescenta  que é preciso que se questione  os efeitos colaterais do desenvolvimento da ciência, da razão e da técnica que fizeram do ser humano uma espécie de certa forma, automatizada, individualista, egocêntrica  e que perde gradativamente a noção de solidariedade. Essa perda gradativa de solidariedade torna os seres humanos cada vez mais infelizes nas relações interpessoais ao se depararem com os próprios limites diante da supremacia da emoção e do inexplicável.
Diante desse contexto de crise, Morim propõe a reflexão sobre o papel da educação. De que forma a educação pode contribuir para superar essa agonia planetária?

Bibliografia Consultada


PETRAGLIA, Izabel. Edgar Morin: a educação e a complexidade do ser e do saber. 10. ed. Revista e ampliada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.






2 comentários:

  1. esse fundo preto e essa letra vermelha, aff...difícil de ler...

    ResponderExcluir
  2. Quando a educação formar os educandos em sujeitos críticos, e capazes de trazer soluções para combater as crises existentes em nossa sociedade.

    ResponderExcluir